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Entender o futuro começa discutindo o que acontece agora!
É dessa forma que podemos entender como nossa história é construída, como os fatos se interligam e como o pensamento coletivo é representado.


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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quem canta seus males espanta - Jornal São Salvador – dezembro 2010

Quem canta seus males espanta
Neylon Barboza*
Lembro com muita saudade alegre do tempo em que vivi no Maranhão, mais precisamente na cidade de São Luís, capital daquele estado. Na época, eu trabalhava com meninos de rua. Eu morava e trabalhava no Lar do Menor Dom Calábria, casa de acolhida e socialização de meninos de rua, sob a responsabilidade da Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência.
Foi um tempo de aprendizado consistente sobre o que é a vida e como os maus tratos podem prejudicá-la. Os meninos que aí assistíamos e cuidávamos tinham, cada um, uma história mais comovente que a outra. Muitos haviam perdido os seus pais para o crime, outros saíam de casa porque não agüentavam ver seus padrastos usando de violência contra suas mães.
Mas, mesmo diante de tanto sofrimento, uma luz brilhava para aqueles garotos e jovens. A luz que brilhava para eles era o amor que eles – muitas vezes pela primeira vez – podiam perceber no cuidado que aqueles que trabalhavam no Lar Dom Calábria dispensávamos a eles.
Jamais poderei esquecer do dia das crianças, quando montamos um coral e nos apresentamos ao público. Foi bonito de ver aqueles meninos – tantas vezes ignorados – fazer bonito: cantando músicas em Português e até em Inglês. Todos ficaram emocionados de ver os “meninos de rua” demonstrando tamanho talento.
Pois é, quando se dá oportunidade às pessoas, quando se tem fé na vida e no ser humano, milagres acontecem. Não podemos desacreditar do homem, porque Deus se fez um de nós. E, no momento em que nos aproximamos do Natal do Senhor, vale o convite a renovarmos nossa fé no ser humano, criatura e filho de Deus.
Não são apenas os meninos de rua ou suas famílias que sofrem. Cada um e cada uma de nós faz a experiência da dor. Todos sabemos o quanto dói ver um filho nas drogas, ou envolvido com o crime, ou ainda deprimido ou até mesmo depressivo sem coragem de lutar.
É, então nessas horas, que vale a sabedoria dos antigos que nos ensinam a seguir acreditando na vida, que é um dom de Deus, e a manter firme a nossa fé em dias melhores com a graça de Deus.
Traz-me alegria uma história que um dia ouvi. É a história do sabiá velho. Um dia prenderam um sabiá, passarinho novo. O jovem pássaro ficou intrigado ao ver um sabiá velho que não parava de cantar. Indignado e incomodado com o canto do sabiá velho, o sabiá novo perguntou com voz forte: “oh, velho sabiá, você não se incomoda de ficar preso numa gaiola e ainda assim continuar cantando? Por que você não reclama?” Aí o sabiá velho, com toda calma, disse para o sabiá novo: “meu querido, a minha maneira de reclamar é cantando”.
Os dois sabiás representam a nós. Podemos ficar só reclamando das coisas que não estão certas como o sabiá novo ou fazer como o sabiá velho que tirava de dentro de si a sua arte para fazer o mundo ficar mais bonito.
Nossa atitude pode trazer paz e luz para o mundo. E assim quando a dor te visitar, lembre-se de que “quem canta seus males espanta”.
__________
Neylon Barboza é filósofo, radialista e educador.

Jornal São Salvador – dezembro 2010

4 comentários:

  1. Tb vivi esse tempo em que vc cita aqui... tenha certeza que nessa época em que eu estava em formação, foi essencia essa vivencia no Lar do Menor para hoje eu ter o carater e a persolidade que tenho hj... mesmo não sendo cristão, temos a convergência do Deus Pai, Deus Criador e do Deus Amor!!!

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  2. "Quando se dá oportunidade às pessoas, quando se tem fé na vida e no ser humano, milagres acontecem. Não podemos desacreditar do homem..."

    Que experiência de vida, Neylon!

    "Por que você não reclama?” Aí o sabiá velho, com toda calma, disse para o sabiá novo: “meu querido, a minha maneira de reclamar é cantando”.


    Agora, quando o sabiá retornar aos galhos da
    magnólia, decerto que vou ouvi-lo com outros "olhos"

    Meu abraço!

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  3. Obrigado, Carmen!
    Numa de minhas canções, eu revelo:
    Eu sou maluco desde que eu nasci e,
    depois que eu cresci, só fez piorar.
    Louco de amor por ti, oh Lord!
    Louco por não desistir.
    Se eu posso sorrir, pra que insistir em chorar???
    Que a loucura da poesia continue a nos imunizar da sanidade dos indiferentes.
    Muita alegria pra você!

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  4. Vilde, meu irmão!
    A sabedoria é água que flui de tantos cantos em direção ao Mar. A água está lá e cá também. Está em todo lugar. Que você continue com sede pra jamais esquecer do doce saber - sabor - água.
    Axé!

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